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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O que sou eu?

Quem é a Tarlis? O que é a Tarlis? Um conjunto de sentidos óbvios, talvez. Mas, nada disso encaixa.

Um ser humano que talvez prefira ''estar só'' do que bem ou mal acompanhado. Que, anda observando cada vidro quebrado e outdoor rasgado. Que já declarou o quão óbvia e simples ela é, mesmo que a complexidade dessa simplicidade seja intensa e densa (mas franca, totalmente franca). Que acorda todas as noites durante a noite, e que as vezes tem pesadelo e, quando abre os olhos, lembra que o pesadelo é real.

Por qual motivo tem de ser real? Admiro quem tem vida de mentira.

Eu não consigo ser de mentira, mesmo que eu saiba fingir bem.

Fingir? Sim, fingir.  Mas, caso você pergunte sobre como estou, apenas direi: "Eu estou indo!" (nunca vindo, já reparou?)

Pudera eu colocar dentro de uma mochila, todos os pedaços dos meus sonhos quebrados e, até mesmo, os meus próprios cacos, e velejar com a dor. Assim, poderíamos virar amigas, sem pranto, sem rancor.

Ora, que proeza meu amigo de mentira! Que proeza!

Há coisas que matam você por dentro, mais do que qualquer tipo forte de álcool.

A ansiedade, a depressão, a falta de não (sim, isso também mata). E quer saber? Há algo que mata mais do que a ansiedade, a depressão e a falta de não: a esperança.

Ter esperança, sentir esperança, é se matar aos poucos. É como enfiar uma faca de dois gumes dentro do peito e ir apertando-a contra a sua carne, a cada dia, hora e segundo. Você sabe que não vai acontecer mas você tem esperança.

Será que eu poderia dizer que, aquele que tem esperança, também vive uma vida de mentira?

Caso sim, eu estou fora dessa vida de mentira.

Não há sangue aqui. Não há pulso. Não há fome. Não há sede. Não há, absolutamente, coisa alguma. Há apenas NADA.

Faça-me um favor, vida de mentira, apenas um favor: viva a sua verdade e deixe a minha mentira. Por mais que doa, é nela que prefiro estar, pois eu sei o quanto ela é real e exata. Eu não preciso ter esperança sobre aquilo que não vai acontecer. Eu não preciso viver. O que preciso é existir aqui de alguma forma sabendo que os meus pesadelos fazem parte, totalmente parte, do meu mundo real. Eu não preciso acreditar. Eu não preciso da vida de mentira, de promessas, nada.

Eu só preciso escrever, ás vezes. Sem esperar algo em troca.

Eu só preciso entrar no meu quarto, apagar a luz e sonhar. Sabendo que aquele sonho, é apenas um sonho, um mero sonho, não uma promessa.

Quem é a Tarlis? Um caco em desconstrução. Um ser humano fadado, a cada dia, ter mais cacos na mochila.

Agora é hora de apagar a luz.